Lira I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
que viva de guardar alheio gado,
de tosco trato, de expressões grosseiro,
dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
das brancas ovelhinhas tiro o leite,
e mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela.
graças à minha Estrela!
Eu vi o meu semblante numa fonte:
dos anos inda não está cortado;
os Pastores que habitam este monte
respeitam o poder do meu cajado.
Com tal destreza toco a sanfoninha,
que inveja até me tem o próprio Alceste:
ao som dela concerto a voz celeste
nem canto letra, que não seja minha.
Graças, Marília bela.
graças à minha Estrela!
Mas tendo tantos dotes da ventura,
só apreço lhes dou, gentil Pastora,
depois que o teu afeto me segura
que queres do que tenho ser senhora.
É bom, minha Marília, é bom ser dono
de um rebanho, que cubra monte e prado;
porém, gentil Pastora, o teu agrado
vale mais que um rebanho e mais que um trono.
Graças, Marília bela.
graças à minha Estrela!
(...)
Análise:
É a lírica amorosa mais popular da literatura de língua portuguesa. Segundo o autor do prefácio da obra (Lisboa - 1957), Rodrigues Lapa, não é a persistência dos elementos tradicionais da poesia, mais ou menos pessoalmente elaborados, que nos dão definitivamente o seu estilo. Este consiste sobretudo nas novidades sentimentais e concepcionais que trouxe para uma literatura, derrancada no esforço de remoer sem cessar a antiguidade. Um amor sincero, na idade em que o homem sente fugir-lhe o ardor da mocidade, e uma prisão injusta e brutal - foram estas duas experiências que fizeram desferir à lira de Dirceu acentos novos. Estamos ainda convencidos de que o clima americano, mais arejado e mais forte, contribuiu poderosamente para a revelação desse estilo, em que se sentem já nitidamente os primeiros rebates do romantismo e a impressão iniludível das idéias do tempo."
Na 1ª parte estão os poemas escritos na época anterior à prisão do autor. Nela predominam as composições convencionais, as características arcádicas: o pastor Dirceu celebra a beleza de Marília em pequenas odes anacreônticas. Em algumas liras, entretanto, as convenções mal disfarçam a confissão amorosa do amor: a ansiedade de um quarentão apaixonado por uma adolescente; a necessidade de mostrar que não é um qualquer e que merece sua amada; os projetos de uma sossegada vida futura, rodeado de filhos e bem cuidado por suas mulher etc. Nesta 1ª parte das liras o autor denota preferência pelo verso leve, tratado com facilidade.
Esse blog consiste em um espaço de debate e comunicação sobre literatura, com destaque para os principais movimentos literários que tiveram influência na literatura brasileira.
Como já foi descrito na análise compartilhada por Israyane, esse é um texto de linguagem bem simples e leve, que retrata assim como os outros já postados, um cenário campista, rural, e de imensa tranquilidade. Posso estar equivocado, mas acredito que os versos "É bom, minha Marília, é bom ser dono de um rebanho, que cubra monte e prado;" podem representar o fugere urbem da literatura arcádica, pois apesar da vida urbana ter sido abandonada pelo autor, as suas ambições econômicas não o deixaram.
ResponderExcluirNo texto acima, Tomás Antônio Gonzaga descreve-se ser um pastor trabalhador, que tinha seu próprio rebanho e que era respeitado. Além disso, ele demonstra para amada e seus familiares (que estavam insatisfeitos com sua condição financeira, então se opunham ao amor dos dois) ter uma vida segura, para que confiassem no seu trabalho. Então nesse texto ele vem dizer que podia garantir uma vida tranquila e segura naquele meio rural e que não faltaria nem um pouco de amor, pois ele se declara a ela em diversos versos, como podemos ver nesse:"...o teu agrado vale mais que um rebanho e mais que um trono." e ao final de cada trecho:"Graças, Marília bela, graças à minha Estrela!".
ResponderExcluirEste texto traz uma linguagem simples, que faz pensar em um cenário campista com muita calma, paz e tranquilidade. E outras duas características são a questão financeira que foi bem explicada por meus companheiros e a demonstração de amor feita no final de cada trecho.
ResponderExcluirComo já foi dito pelos meus companheiros, o presente texto descreve um cenário campista, um ambiente calmo e tranquilo. Uma outra características que se pode destacar deste texto é o pastoralismo.
ResponderExcluirMuito bem, pessoal. Porém, vocês devem reler o meu comentário da semana passada. Vejam que há outros temas que eu pedi para vocês observarem e que vocês não citaram na análise nem nos comentários.
ResponderExcluirOutra observação: há trechos copiados da internet sem referência. Isso é plágio e é muito sério.
Felipe, cadê você?
Mel foi mal esquecer o saite, descupa prometo não esquecer mas
ExcluirMel foi mal esquecer o saite, descupa prometo não esquecer mas
ExcluirGostaria que o grupo me respondesse o seguinte: quem é pastor: o eu-lírico ou o autor? Qual a relação do uso de pseudônimo com o fingimento poético?
ResponderExcluirTOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (Brasil)
ExcluirSua obra de destaque: Marília de Dirceu – fala do grande amor nutrido pela noiva.
Antes da prisão: otimismo, confiança.
Pseudônimo: Dirceu
Publicou Obras Poéticas, dando início ao arcadismo brasileiro.
Pseudônimo: Glauceste Satúrnio
Paisagem de Minas
Site:maiseducativo.com.br
TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (Brasil)
ExcluirSua obra de destaque: Marília de Dirceu – fala do grande amor nutrido pela noiva.
Antes da prisão: otimismo, confiança.
Pseudônimo: Dirceu
Publicou Obras Poéticas, dando início ao arcadismo brasileiro.
Pseudônimo: Glauceste Satúrnio
Paisagem de Minas
Site:maiseducativo.com.br