Canto VI
XXXVII
Copiosa multidão da nau francesa
Corre a ver o espetáculo assombrada;
E, ignorando a ocasião de estranha empresa,
Pasma da turba feminil que nada.
Uma, que às mais precede em gentileza,
Não vinha menos bela do que irada;
Era Moema, que de inveja geme,
E já vizinha à nau se apega ao leme.
XXXVIII
"- Bárbaro (a bela diz), tigre e não homem...
Porém o tigre, por cruel que brame,
Acha forças amor que enfim o domem;
Só a ti não domou, por mais que eu te ame.
Fúrias, raios, coriscos, que o ar consomem.
Como não consumis aquele infame?
Mas apagar tanto amor com tédio e asco...
Ah que o corisco és tu... raio... penhasco?
(...)
XLI
Enfim, tens coração de ver-me aflita,
Flutuar moribunda entre estas ondas;
Nem o passado amor teu peito incita
A um ai somente com que aos meus respondas!
Bárbaro, se esta fé teu peito irrita,
(Disse, vendo-o fugir), ah não te escondas!
Dispara sobre mim teu cruel raio..."
E indo a dizer o mais, cai num desmaio.
XLII
Perde o lume dos olhos, pasma e treme,
Pálida a cor, o aspecto moribundo;
Com mão já sem vigor, soltando o leme,
Entre as salsas escumas desce ao fundo.
Mas na onda do mar, que irado freme,
Tornando a aparecer desde o profundo,
- Ah! Diogo cruel! - disse com mágoa,
E, sem mais vista ser, sorveu-se n’água.
Análise: O poema
“O Caramuru” escrito por Frei José de Santa Rita Durão, um dos principais
representantes da literatura Árcade, narra em dez cantos, o naufrágio de Diogo
Álvares Correia e seus amores com as índias, sobretudo com Paraguaçu. O
material é amplo e apresenta uma exaltação a paisagem brasileira, fatos de
nossa história, o temperamento dos indígenas, lendas, e etc. No trecho
acima, está sendo retratado a morte de Moema ( índia amante de Diogo ), que foi
abandonada por seu amor, que partia para Europa com Paraguaçu, então,ela vendo
aquilo atira-se ao mar, perseguindo o navio em que Diogo viajava, até a morte.
Além desse momento bem marcante e forte do poema “O Caramuru “, estão presentes
vários outros aspectos , como a expressão “o bom selvagem”, do filósofo
Jean-Jacques Rousseau, que denota a pureza dos nativos da terra fazem
menção à natureza e à busca pela vida simples, bucólica e pastoril, o nativismo
que faz muita referência à terra, e o ufanismo, que é a "atitude ou
sentimento de quem se vangloria exageradamente das belezas, riquezas e
vantagens do Brasil" e isto é bem marcante no poema, pois o autor exalta
mesmo a terra, como podemos ver claramente nesse outro trecho do poema:
Canto VIII - XXI
Vi, nao sei se era impulso imaginário,
Um globo de diamante claro e imenso
E nos seus fundos figurar-se vário
Um país opulento, rico e extenso;
E, aplicando o cuidado necessário,
Em nada do meu próprio o diferenço:
Era o áureo Brasil tão vasto e fundo,
Que parecia no diamante um mundo.
Ademais,o poema “O Caramuru” apresenta o Inutilia Truncat, que diz respeito à
retirada de excessos da escrita; o Fugere Urbem, que é a fuga da cidade para um
cenário na maioria das vezes campestre, mas que porém no poema “O Caramuru”
ocorre para um ambiente indígena. Além disso, o carpe diem também é encontrado
no poema, através da simplicidade indígena, pois procurava-se viver de forma
mais simples. Já o Locus amoenus, no caso de “O Caramuru”, pode ser o refúgio
no Brasil recém descoberto.
Portanto "O Caramuru", é uma obra riquíssima em vários aspectos, e difícil de ser analisada apenas com esses trechos, então, deixo abaixo o link para quem tiver o interesse de lê-la de forma mais ampla:
Fontes:
http://letrabydani.blogspot.com.br/2013/11/paes-2013-caramuru-analise-literaria_977.html
http://www.poetaslivres.com.br/literatura/portuguesa/arcadismo.html
http://vanessarabeloblog.blogspot.com.br/2013/09/caramuru-e-arcadismo.html
Texto grande e complexo. Uma análise verdadeira só poderia ser realizada com a leitura do Canto por inteiro. Esses trechos parecem vagos e não faz sentido analisarmos eles separadamente, até porque é uma tarefa bastante difícil.Eu poderia pesquisar sobre o texto e postar as informações aqui, mas fugiria do propósito do blog.
ResponderExcluirComo foi dito anteriormente este texto é complexo e amplo, mas traz aspectos históricos importantes que são as navegações, analisando o contexto é possível ver uma ligação entre o ambiente indígena e o naufrágio. E uma característica que é perceptível é a exaltação pela amada, uma importante característica que é encontrada em alguns
ResponderExcluirtextos do Arcadismo.
O texto é realmente muito grande e falta espaço na seção de comentários do blog para escrever uma boa análise. O que é possível perceber, tendo uma visão mais geral do Canto IV, é um emprego muito grande dos elementos indígenas, e também o uso do locus amoenus (lugar ameno) ao descrever o cenário da história (especialmente nas partes II e III desse canto). Mesmo assim, é um canto complexo, que exigiria uma série de análises para ser devidamente estudado
ResponderExcluirApesar do fato de o texto ser extenso e complexo, pode-se perceber algumas características do arcadismo como o locus amoenus que é usado para descrever aquelas terras e pode ser percebido logo nas primeiras partes do poema. Além disso, como já foi dito, pode-se observar também a exaltação da amada por parte do eu lírico.
ResponderExcluirComo foi dito anteriormente este texto é complexo e amplo,não sou boa em análises mas acho que so daria para ter um interpretação melhor com o texto todo mas vamos lá tenta , traz aspectos históricos ,elementos indiginas e entre outros apctos importates que ñ consigo vem com clareza ainda mas vou consegui com a ajuda da professora Melina e do meus colegas .
ResponderExcluirComo foi dito anteriormente este texto é complexo e amplo,não sou boa em análises mas acho que so daria para ter um interpretação melhor com o texto todo mas vamos lá tenta , traz aspectos históricos ,elementos indiginas e entre outros apctos importates que ñ consigo vem com clareza ainda mas vou consegui com a ajuda da professora Melina e do meus colegas .
ResponderExcluir"Caramuru" é um poema épico, pessoal! Por isso ele é extenso. Pedro, sua análise ficou muito boa.
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