sábado, 29 de outubro de 2016

XIII soneto de Cláudio Manoel da Costa

Nise? Nise? onde estás? Aonde espera
Achar-te uma alma, que por ti suspira,
Se quanto a vista se dilata, e gira,
Tanto mais de encontrar-te desespera!

Ah se ao menos teu nome ouvir pudera
Entre esta aura suave, que respira!
Nise, cuido, que diz; mas é mentira.
Nise, cuidei que ouvia; e tal não era.

Grutas, troncos, penhascos da espessura,
Se o meu bem, se a minha alma em vós se esconde,
Mostrai, mostrai-me a sua formosura.

Nem ao menos o eco me responde!
Ah como é certa a minha desventura!
Nise? Nise? onde estás? aonde? aonde?


Análise: Uma das características do arcadismo pode ser percebida nesse texto, que é a idealização da mulher amada. Esse movimento literário valoriza a vida simples e do campo, os seus autores desenham através de seus textos a imagem da Arcádia, lugar onde as pessoas viveriam vidas simples, ligadas à natureza, longe das má influências que assolavam a vida urbana. Ou seja, evocavam uma vida "pura". O XIII soneto de Cláudio Manoel não faz referência à natureza diretamente, mas a idealização da mulher procurada pelo eu lírico é consistente com as características da literatura arcadista. Um exemplo não tão óbvio é que o nome Nise é de origem latina e significa "pura". Um movimento que constrói a imagem de que a vida ideal é a vida no campo não poderia construir outra imagem da mulher ideal senão a da mulher pura e formosa.

Outros sonetos de Cláudio Manoel da Costa estão disponíveis em:
http://www.avozdapoesia.com.br/obras_ler.php?obra_id=16746&poeta_id=397

II soneto de Cláudio Manuel da Costa

Resultado de imagem para ciclo do ouro no brasil

"Leia a posteridade, ó pátrio Rio,
Em meus versos teu nome celebrado;
Por que vejas uma hora despertado
O sono vil do esquecimento frio:
Não vês nas tuas margens o sombrio,
Fresco assento de um álamo copado;
Não vês ninfa cantar, pastar o gado
Na tarde clara do calmoso estio.
Turvo banhando as pálidas areias
Nas porções do riquíssimo tesouro
O vasto campo da ambição recreias.
Que de seus raios o planeta louro
Enriquecendo o influxo em tuas veias,
Quanto em chamas fecunda, brota em ouro."

álamo copado: s.m. Árvore, geralmente alta, tronco reto e folhas ovais, lanceoladas. (Família das salicáceas.) O mesmo que choupo.

Análise: Cláudio Manuel da Costa nasceu na atual cidade de Mariana, que é cortada pelo Rio do Carmo e foi uma das maiores produtoras de ouro do Império Português. O arcadismo se diferencia do barroco por ser menos complicado e exagerado, e é exatamente isso que vemos nesse texto que descreve uma paisagem campista, rural, colocando o Rio do Carmo no centro do poema. O eu lírico fala da degradação do Rio pela exploração do ouro, colocando em contraste a ideia de que o campo é o melhor lugar para se viver e o progresso proporcionado pela metrópole. 

Cláudio Manoel da Costa (1729 – 1789)

Nasceu na cidade de Ribeirão do Carmo (hoje Mariana), em Minas Gerais, no ano de 1729. Aos vinte anos foi a Portugal para estudar Direito na faculdade de Coimbra, dividindo as obrigações do curso com a produção literária. Depois de terminada a faculdade, retorna ao Brasil onde exerce a função de advogado na então cidade de Vila Rica (hoje Ouro Preto).
Em Minas Gerais ajudou a fundar a Arcádia Ultramarina com os poetas com Manuel Inácio da Silva, Silva Alvarenga e Tomás Antônio Gonzaga entre outros poetas e intelectuais. Adotou, no ano de 1773, o pseudônimo de Glauceste Satúrnio, sob o qual escreveu a maioria de suas poesias. 
Inspirados pelo pensamento iluminista, os integrantes da Arcádia desenvolveram uma conspiração política contra o governador da capitania, culminando na Conjuração Mineira. Por essa época, sua poesia adquire um tom político e o poeta se mostra preocupado com diversas questões políticas e sociais. O movimento levou seus membros à prisão, sob acusação de lesa-majestade, isto é, de traição ao rei de Portugal. 
Por seu envolvimento na Conjuração Mineira, o poeta foi encontrado morto em sua cela no ano de 1789. A causa da sua morte ainda não foi esclarecida e alguns historiadores acreditam que ele tenha sido morto a mando do Governador, outros, que ele haveria cometido suicídio.
Anos mais tarde, ao final do século XIX, como homenagem, Claudio Manoel da Costa foi escolhido o Patrono da cadeira de número oito da Academia Brasileira de Letras.

Obras
Claudio Manoel da Costa é considerado o primeiro poeta do movimento árcade brasileiro, embora ainda apresente características barrocas em toda a sua obra, principalmente no que diz respeito ao estilos cultista e conceptista utilizados, compondo poemas perfeitos na forma e na linguagem. Por isso, costuma-se dizer que Claudio Manoel da Costa é um poeta de transição entre o barroco e o arcadismo. Além disso, seus poemas têm influência dos versos camonianos.
O início do movimento árcade na literatura brasileira tem como marco a publicação de sua coletânea de poemas intitulada Obras (1768). Diferentemente da produção poética anterior, Claudio Manoel da Costa prioriza o retrato da natureza como um local de refúgio dos problemas da vida urbana, onde o poeta/pastor pode desfrutar da vida rural.
Seus temas giram em torno de reflexões morais e das contradições da vida, além de ter escrito um poema épico, Vila Rica, no qual exalta o bandeirantes, exploradores do interior do país além, é claro, da fundação da cidade de mesmo nome.
Fonte: http://www.soliteratura.com.br/biografias/biografias004.php

sábado, 22 de outubro de 2016

Questões de Vestibular - Barroco

1 - ENEM 2014 

"Quando Deus redimiu da tirania
Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
Páscoa ficou da redenção o dia.
Páscoa de flores, dia de alegria
Àquele povo foi tão afligido
O dia, em que por Deus foi redimido;
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.
Pois mandado pela Alta Majestade
Nos remiu de tão triste cativeiro,
Nos livrou de tão vil calamidade.
Quem pode ser senão um verdadeiro
Deus, que veio estirpar desta cidade
o Faraó do povo brasileiro."
(DAMASCENO,  D. Melhores  poemas: Gregório de  Matos. São Paulo: 2006)

Com uma  elaboração de   linguagem e uma visão  de  mundo  que  apresentam  princípios barrocos, o   soneto de  Gregório de  Matos apresenta  temática expressa  por:
(A) visão cética  sobre as relações  sociais.
(B) preocupação com  a identidade  brasileira.
(C) crítica  velada à forma de governo  vigente.
(D) reflexão sobre dogmas do  Cristianismo.
(E) questionamento das  práticas  pagãs  na Bahia.

Resolução e comentários (por Pedro Henrique):
Para resolver essa questão o candidato deve se lembrar de algumas características de Gregório de Matos, porque vale lembrar de seu contexto histórico em que ocorreram várias coisas, então ele buscava sempre em seus textos criticar alguma realidade da época, envolvendo seus textos de um cultismo, com figuras de estilo como a metáfora presente não somente no texto acima mas também em vários outros. Portanto temos que nos recordar de algumas características desse autor para resolvermos a questão, mas além disso também é de suma importância  a leitura com calma da questão para uma correta interpretação do texto, porque só com esses requisitos que conseguiremos perceber a crítica que Gregório faz ao governo, utilizando de uma metáfora que no começo aparenta ser confusa mas que principalmente no final que diz: 
"Quem pode ser senão um verdadeiro
Deus, que veio estripar desta cidade o Faraó do povo brasileiro.", que torna bem clara a crítica do autor, e que elimina todas as demais possibilidades de respostas. Logo então a letra C, será a correta.

2 - VUNESP 

      Ardor em firme coração nascido;
      pranto por belos olhos derramado;
      incêndio em mares de água disfarçado;
      rio de neve em fogo convertido:
      tu, que em um peito abrasas escondido;
      tu, que em um rosto corres desatado;
      quando fogo, em cristais aprisionado;
      quando crista, em chamas derretido.
      Se és fogo, como passas brandamente,
      se és fogo, como queimas com porfia?
      Mas ai, que andou Amor em ti prudente!
      Pois para temperar a tirania,
      como quis que aqui fosse a neve ardente,
      permitiu parecesse a chama fria. 

O texto pertencente a Gregório de Matos apresenta todas as seguintes características:
a) Trocadilhos, predomínio de metonímias e de símiles, a dualidade temática da sensualidade e do refreamento, antíteses claras dispostas em ordem direta.

b) Sintaxe segundo a ordem lógica do Classicismo, a qual o autor buscava imitar, predomínio das metáforas e das antíteses, temática da fugacidade do tempo e da vida.

c) Dualidade temática da sensualidade e do refreamento, construção sintática simétrica por simetrias sucessivas, predomínio figurativo das metáforas e pares antitéticos que tendem para o paradoxo.

d) Técnica naturalista, assimetria total de construção, ordem direta inversa, imagens que prenunciam o Romantismo.

e) Verificação clássica, temática neoclássica, sintaxe preciosista evidente no uso das antíteses, dos anacolutos e das alegorias, construção assimétrica.

Resolução e comentários (por Gabriel Robert): 

A poesia deixa evidente o dualismo barroco usado por Gregório de Matos ao falar de temas opostos por meio de metáforas. Isso fica claro já nos primeiros versos, "incêndio em mares de água disfarçado / rio de neve em fogo convertido", quando o autor mistura incêndio e água e neve e fogo. Assim, também podemos concluir que todas essas contraposições são metáforas, pois na prática são impossíveis de acontecer. Nos últimos versos desse texto, podemos perceber a presença de paradoxos, que são construídos desde o início. Logo, a alternativa correta é a letra C. 

3 - (UFRS) 

Com relação ao Barroco brasileiro, assinale a alternativa incorreta.
a) Os Sermões, do Padre Antônio Vieira, elaborados numa linguagem conceptista, refletiram as preocupações do autor com problemas brasileiros da época, por exemplo, a escravidão.

b) Os conflitos éticos vividos pelo homem do Barroco corresponderam, na forma literária, ao uso exagerado de paradoxos e inversões sintáticas.

c) A poesia barroca foi a confirmação, no plano estético, dos preceitos renascentistas de harmonia e equilíbrio, vigentes na Europa no século XVI, que chegaram ao Brasil no século XVII, adaptados, então, à realidade nacional.

d) Um dos temas principais do Barroco é a efemeridade da vida, questão que foi tratada no dilema de viver o momento presente e, ao mesmo tempo, preocupar-se com a vida eterna.

e) A escultura barroca teve no Brasil o nome de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que, no século XVII, elaborou uma arte de tema religioso com traços nacionais e populares, numa mescla representativa do Barroco.

Resolução e comentários de Felipe Silva Matos:
A resposta correta é a letra C. Como estudamos, a literatura barroca é marcada pelo conflito, oposição, e até contradição, o que é muito diferente do que é mostrado na alternativa C, que afirma que o Barroco surgiu como um estilo caracterizado pela harmonia e pelo equilíbrio. Vemos a todo instante que os escritores barrocos fazem críticas aos acontecimentos da época. Por isso, a única afirmação incorreta é a C, que é a alternativa correta.




4. (FEI)
“Em tristes sombras morre a formosura, em contínuas tristezas a alegria”
Nos versos citados acima, Gregório de Matos empregou uma figura de linguagem que consiste em aproximar termos de significados opostos, como “tristezas” e “alegria”. O nome desta figura de linguagem é:
a) metáfora
b) aliteração
c) eufemismo
d) antítese
e) sinédoque
Resposta: D
Resolução e comentário por: João Vitor 
Antítese é uma característica marcante em textos do barroco, ela é caracterizada pelo uso de dois termos que diferencem entre si. É um recurso linguístico facilmente encontrado em textos do barroco, até porque nos texto do barroco uma característica fundamental é o jogo de ideias e alguns autores usam o jogo de ideias para acrescentar antítese, que possibilita maior ênfase, como foi apresentado no início da questão.


segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Pintura Barroca


A pintura barroca integra o conjunto de manifestações artísticas ocorridas no período denominado Barroco. Tal período teve início no Séc. XVI na Itália, no entanto, espalhou-se por outros países europeus como, por exemplo, a França, a Holanda, a Bélgica e a Espanha. O contexto histórico do Barroco se passa após as Reformas Religiosas e, além disso, as artes barrocas expressavam todo contraste com as ideias antropocentristas do Renascimento. Devido à isto, as pinturas barrocas foram fortemente influenciadas por tal contexto histórico.

Características da pintura barroca

  • Religiosidade

  • Forte conteúdo emocional

  • Acentuado contraste de claro-escuro - Recurso no qual visava intensificar a sensação de profundidade e, além disso, reforçava a expressão de sentimentos das obras

  • Realista, abrangendo todas as camadas sociais

  • Escolha de cenas no seu momento de maior intensidade dramática

  • Composição simétrica, em diagonal

 Alguns exemplos de pinturas barrocas


 A Coroação de Cristo, Van Dyck.


 As Meninas, Diego Velázquez.



 A Vocação de São Mateus, Caravaggio.


As imagens apresentam algumas características da pintura barroca como, por exemplo, o contraste de claro-escuro e a presença de caráter religioso nas obras.


Pintura Barroca Brasileira

O Barroco brasileiro foi diretamente influenciado pelo Barroco português, no entanto, com o tempo, foi assumindo características próprias. A grande produção artística barroca no Brasil ocorreu nas cidades auríferas de Minas Gerais, no chamado século do ouro (século XVIII). Estas cidades eram ricas e possuíam uma intensa vida cultural e artística em pleno desenvolvimento.

O pintor Manoel da Costa Ataíde é considerado a principal expressão da pintura do barroco no Brasil. Nasceu em 1762, em Mariana, Minas Gerais.



 Assunção da Virgem, Mestre Ataíde. 


As obras de Mestre Ataíde, como ficou conhecido, eram fiéis à característica religiosa do Barroco. Umas das características de suas pinturas era o emprego de cores vivas em inusitadas combinações. Além disso, na sua pintura, os anjos e o santos apresentam, às vezes, traços mestiços, por isso é tido como um dos precursores de uma arte genuinamente brasileira.



Referências:
http://www.suapesquisa.com/barroco/
http://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-arte-barroca-na-pintura.htm
https://www.todamateria.com.br/pintura-barroca/
http://www.infoescola.com/biografias/mestre-ataide/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pintura_do_Barroco


domingo, 16 de outubro de 2016

Escultura Barroca

Jesus escarnecido pelos soldados romanos, de Aleijadinho

A escultura barroca iniciou-se na Europa, por volta do século XVII, e chegou ao Brasil cerca de um século depois.

Características
As esculturas barrocas valorizam o movimento, as emoções, as formas, as sombras, as expressões e o movimento das figuras esculpidas. São marcadas pelo dramatismo, as faces expressivas, a riqueza de detalhes e as roupas esvoaçantes.

Contexto histórico
Os jesuítas foram importantes na disseminação do catolicismo no Brasil colonial. Juntamente com a religião, trouxeram da Europa esse estilo juntamente com as influências de cunho religioso, e assim esse tipo de criação se popularizou nas igrejas e imagens religiosas nos centros urbanos do país. As esculturas misturam a religiosidade com a sofisticação e detalhamento que proviam do Renascimento.

Principais artistas
Os principal artista desse estilo no Brasil foi Antônio Francisco Lisboa, conhecido como Aleijadinho, Suas obras criaram um estilo propriamente brasileiro, já que o barroco no Brasil era uma mistura de estilos de países europeus, em especial, Portugal. Aleijadinho trabalhava com madeira e pedra-sabão, que eram os principais materiais utilizados por brasileiros. Algumas de suas principais obras:
Os Doze Profetas
Os Passos da Paixão
Artistas como Aleijadinho apareceram em um período de relativa prosperidade nas cidades e vilas, em especial naquelas localizadas próximas a zonas de exploração de ouro, como em Minas Gerais, em especial em cidades como Ouro Preto, Tiradentes e Congonhas. Também é um estilo forte em algumas cidades nordestinas como na Catedral Basílica de Salvador.
Nossa Senhora Sacristia da Catedral de Salvador

Referências:
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/artes/a-arte-barroca-no-brasil.htm
http://www.suapesquisa.com/barroco/
https://www.todamateria.com.br/escultura-barroca/


Arquitetura Barroca

A arquitetura barroca está entre as principais formas de manifestação da contrarreforma religiosa católica por meio da arte.
Esta manifestação integra o movimento barroco, que começou em Roma em 1600 e espalhou-se por toda a Europa e América Latina.
Além de sua contribuição para a arte, a arquitetura barroca representou uma verdadeira revolução urbanística.
Arquitetura BarrocaA basílica de São Pedro é uma das mais importantes expressões da arquitetura barroca

Características

  • Extravagância
  • Incomum
  • Irregular
  • Absurda
  • Uso do movimento
  • Proximidade do real
  • Aplicação da curva em oposição à ideia estática dos prédios
  • As igrejas do período barroco são marcadas por abóbadas, arcos e contrafortes
  • Tentativa de levar o observador a se imaginar no infinito
  • Efeitos cenográficos teatrais
  • Mistura da pintura e da escultura
  • Manipulação da luz

Resumo

A arquitetura barroca integrava o movimento de contrarreforma da Igreja Católica na arte. Entre os objetivos do movimento estava o transporte do observador para a cena demonstrada.
É por isso que a arquitetura barroca é observada principalmente em igrejas, catedrais e monastérios. Isso ocorria para demonstrar a imponência da arte cristã.
Há exemplos também em edifícios particulares, especialmente mansões urbanas ou rurais em uma clara demonstração do pensamento religioso. Também nesta época há a criação de parques e jardins a circundar prédios residenciais importantes.
Em consequência da disposição desses edifícios, o reordenamento urbano começa a exigir um planeamento ainda não existente.
Para os arquitetos barrocos, os edifícios eram uma espécie de escultura.

Arquitetura Barroca Brasileira

Arquitetura Barroca Mineira

A arquitetura barroca mineira é observada principalmente entre os séculos XVII e a primeira metade do século XVIII. Da mesma forma como ocorreu na Europa, o barroco mineiro também influencia no desenvolvimento do planejamento urbano.
A influência europeia, contudo, ficou neste ponto. O barroco mineiro teve características próprias, sempre obedecendo à religiosidade imposta pelo movimento. Entre as cidades que mais receberam essa influência estão Ouro Preto e Mariana.
Entre os exemplos do barroco mineiro estão a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em São João Del Rei, e a Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto.
Arquitetura BarrocaDetalhe do telhado da Igreja de Nossa Senhora do Carmo
Arquitetura Barroca na Itália
Por ser considerada o berço do barroco, a Itália exibe diversos exemplos da imponência da arquitetura do movimento.
Entre os exemplos arquitetônicos mais importantes está a basílica de São Pedro. A obra marca a transição entre o Renascimento e o barroco.
A configuração urbana da basílica foi uma missão dada a Gian Lorenzo Bernini por Carlo Maderna após a morte de Michelangelo.
A fachada da basílica tem 320 pés de largura por 150 pés de altura. Há oito colunas na entrada. Berbini acrescentou uma torre na fachada antes projetada por Maderna e aumentou a altura real da composição.
Bernini também aumentou os efeitos da cúpula projetada por Michelangelo, implantou galerias e um pátio oval que tem a impressão de ser maior do que realmente é.
Arquitetura Barroca
Cúpula da basílica de São Pedro

Arquitetura barroca de Praga  República Checa

Igreja da Divina Providência – Goa Velha


Convento de Mafra

Catedral de Santiago de Compostela

Fachada da Igreja de San Borromeo em Noto Sicilia

Interior da igreja da Abadia de Melk

Claudio de Arciniega – Catedral Metropolitana, Cidade do México

O palácio novo de Schleissheim

Igreja São Francisco de Assis

Igreja da Ordem Terceira de São Francisco

Fontes: https://michelechristine.wordpress.com/a-arquitetura/arquitetura-barroca/
https://www.todamateria.com.br/arquitetura-barroca/

Música Barroca

A palavra Barroco é provavelmente de origem portuguesa, significando pérola ou jóia no formato irregular. De início era usada para designar o estilo de arquitetura e da arte do século XVII, caracterizado pelo excesso de ornamentos. Mais tarde, o termo passou a ser empregado pelos músicos para indicar o período da história da música que vai do aparecimento da ópera e do oratório até a morte de J. S. Bach.

A música barroca é geralmente exuberante: ritmos enérgicos, melodias com muitos ornamentos, contrastes de timbres instrumentais e sonoridades fortes com suaves.

Música Vocal
Orfeu, do compositor Montiverdi (1567-1643) escrita no ano de 1607 é a primeira grande ópera. Ópera é uma peça teatral em que os papéis são cantados ao invés de falados. A ópera de Montiverdi possuía uma orquestra formada de 40 instrumentos variados, inclusive com violinos, que começavam a tomar lugar das violas.

Alessandro Scarlatti (1660-1725) foi o mais popular compositor italiano de óperas. Na França os principais compositores de óperas foram Lully (1632-1687) e Rameau (1683-1764).

Nascido na mesma época da ópera, o Oratório é outra importante forma de música vocal barroca. O oratório é um tipo de ópera com histórias tiradas da Bíblia. Com o passar do tempo os oratórios deixaram de ser representados e passaram a ser apenas cantados. Os mais famosos oratórios são os do compositor alemão Haendel (1685-1759), do início do século XVIII: Israel no Egito, Sansão e o famoso Messias.

As Cantatas são oratórios em miniaturas e eram apresentados nas missas.

Música Instrumental
Durante o período barroco, a música instrumental passou a ter importância igual à da música vocal. A orquestra passou a tomar forma. No início a palavra ‘orquestra’ era usada para designar um conjunto formado ao acaso, com os instrumentos disponíveis no momento. Mas no século XVII, o aperfeiçoamento dos instrumentos de cordas, principalmente os violinos, fez com que a seção de cordas se tornasse uma unidade independente. Os violinos passaram a ser o centro da orquestra, ao qual os compositores acrescentavam outros instrumentos: flautas, fagotes, trompas, trompetes e tímpanos.

Um traço constante nas orquestras barrocas, porém, era a presença do cravo ou órgão como contínuo, fazendo o baixo e preenchendo a harmonia. Novas formas de composição foram criadas, como a fuga, a sonata, a suíte e o concerto.

Principais Compositores Barrocos
Alessandro Scarlatti (1660 – 1755)
Antonio Vivaldi (1678 – 1741)
Arcangelo Corelli (1653 – 1713)
Domenico Scarlatti (1685 – 1757)
Henry Purcell (1659 – 1695)
George F. Haendel (1685 – 1759)
George Philipp Telemann (1681 – 1767)
Jean-Philippe Rameau (1683 – 1764)
Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)
José Antônio Carlos Seixas (1704 – 1742)

Fonte: http://musicaeadoracao.com.br/24997/historia-resumida-da-musica-barroca/




Literatura Barroca


O período conhecido como Barroco, ou Seiscentismo, é constituído pelas primeiras manifestações literárias genuinamente brasileiras ocorridas no Brasil Colônia, embora diretamente influenciadas pelo barroco europeu. O Barroco também corresponde a um período de grande turbulência político-econômica, social, e principalmente religiosa.

Temas frequentes na Literatura Barroca:

- fugacidade da vida e instabilidade das coisas;
- morte, expressão máxima da efemeridade das coisas;
- concepção do tempo como agente da morte e da dissolução das coisas;
- castigo, como decorrência do pecado;
- arrependimento;
- narração de cenas trágicas;
- erotismo;
- misticismo;
- apelo à religião;

Contexto histórico
  
Após o Concílio de Trento, realizado entre os anos de 1545 e 1563 e que teve como consequência uma grande reformulação do Catolicismo, em resposta à Reforma protestante, a disciplina e a autoridade da Igreja de Roma foram restauradas, estabelecendo-se a divisão da cristandade entre protestantes e católicos.
Nos Estados protestantes, onde as condições sociais foram mais favoráveis à liberdade de pensamento, o racionalismo e a curiosidade científica do Renascimento continuaram a se desenvolver. Já nos Estados católicos, sobretudo na Península Ibérica, desenvolveu-se o movimento chamado Contrarreforma, que procurou reprimir todas as tentativas de manifestações culturais ou religiosas contrárias às determinações da Igreja Católica. Nesse período, a Companhia de Jesus passa a dominar quase que inteiramente o ensino, exercendo papel importantíssimo na difusão do pensamento aprovado pelo Concílio de Trento.
O clima geral era de austeridade e repressão. O Tribunal da Inquisição, que se estabelecera em Portugal para julgar casos de heresia, ameaçava cada vez mais a liberdade de pensamento. O complexo contexto sociocultural fez com que o homem tentasse conciliar a glória e os valores humanos despertados pelo Renascimento com as ideias de submissão e pequenez perante Deus e a Igreja. Ao antropocentrismo renascentista (valorização do homem) opôs-se o teocentrismo (Deus como centro de tudo), inspirado nas tradições medievais.
Essa situação contraditória resultou em um movimento artístico que expressava também atitudes contraditórias do artista em face do mundo, da vida, dos sentimentos e de si mesmo; esse movimento recebeu o nome de Barroco. O homem se vê colocado entre o céu e a terra, consciente de sua grandeza mas atormentado pela ideia de pecado e, nesse dilema, busca a salvação de forma angustiada. Os sentimentos se exaltam, as paixões não são mais controladas pela razão, e o desejo de exprimir esses estados de alma vai se realizar por meio de antíteses, paradoxos e interrogações. Essa oscilação que leva o homem do céu ao inferno, que mostra sua dimensão carnal e espiritual, é uma das principais características da literatura barroca. Os principais autores do Barroco são: Gregório de Matos, Bento Teixeira Pinto, Manuel Botelho de Oliveira, Padre Antônio Vieira e Frei Manuel de Santa Maria Itaparica.

Características do Barroco

As características do Barroco que nos permitem definir com maior facilidade que o texto ou o sermão pertencem a literatura barroca são:

1) A arte da contrarreforma        
A ideologia do Barroco é fornecida pela Contrarreforma, em nenhuma outra época se produziu tamanha quantidade de igrejas, capelas, estátuas de santos e monumentos sepulcrais. A arte barroca tinha que convencer, conquistar e impor admiração.

2) Conflito entre corpo e alma
O Renascimento definiu-se pela valorização do profano, colocando em pauta o gosto pelas satisfações mundanas. Os intelectuais barrocos, no entanto, não alcançam tranquilidade agindo de acordo com essa filosofia. A influência da Contrarreforma fez com que houvesse oposição entre os ideais de vida eterna em contraposição com a vida terrena e do espírito em contraposição à carne. Na visão barroca, não há possibilidade de conciliar essas antíteses. Assim, ora ajoelha-se diante de Deus, ora celebra as delícias da vida.

3) O tema da passagem do tempo          
O homem barroco assume consciência integral no que se refere à fugacidade da vida humana: o tempo, veloz e avassalador, tudo destrói em sua passagem. Por outro lado, diante das coisas transitórias, surge a contradição: vivê-las, antes que terminem, ou renunciar ao passageiro e entregar-se à eternidade?               

4) Forma tumultuosa
O estilo barroco apresenta forma conturbada, decorrente da tensão causada pela oposição entre os princípios renascentistas e a ética cristã. Daí a frequente utilização de antíteses, paradoxos e inversões, estabelecendo uma forma contraditória. Além disso, a utilização de interrogações revela as incertezas do homem barroco frente ao seu período e a inversão de frases a sua tentativa na conciliação dos elementos opostos.

5) Cultismo e conceptismo
O cultismo caracteriza-se pelo uso de linguagem rebuscada, culta, extravagante, repleta de jogos de palavras e do emprego abusivo de figuras de estilo, como a metáfora e a hipérbole. Já o conceptismo, que ocorre principalmente na prosa, é marcado pelo jogo de ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, nacionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. A organização da frase obedece a uma ordem rigorosa, com o intuito de convencer e ensinar.

Chegada do Barroco no Brasil

O Barroco chegou ao Brasil por meio dos jesuítas, inicialmente a intenção era para a catequização, maso Barroco passa a se expandir para os centros de produção açucareira, especialmente na Bahia, por meio das igrejas. Assim, a função da igreja era ensinar o caminho da religiosidade e da moral a uma população que vivia desregradamente.

Breve resumo sobre o Barroco

Contexto histórico
- Contrarreforma;
- Renascimento.
Características
- Conflito entre corpo e alma;
- Passagem do tempo;
- Cultismo e conceptismo;
- Figuras de linguagem.
Principais autores
- Bento Teixeira;
- Gregório de Matos Guerra;
- Padre Antonio Vieira.
-Manuel Botelho de Oliveira
- Frei Manuel de Santa Maria Itaparica.

Fontes:

http://www.soliteratura.com.br/barroco/barroco04.php
https://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_barroca
http://educacao.globo.com/literatura/assunto/movimentos-literarios/barroco.html
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/literatura/barroco.htm

http://www.estudopratico.com.br/literatura-barroca-caracteristicas-autores-e-obras/

sábado, 15 de outubro de 2016

Teatro Barroco

O Barroco foi um movimento cultural e filosófico da história da cultura ocidental que teve início em Itália e decorreu, aproximadamente, entremeado do século XVI e meados do século XVIII.

Assiste-se neste movimento à exaltação dos sentimentos e da religiosidade expressos de forma intensa, dramática e emocional. O teatro barroco que inicialmente não foi um estilo voltado ao cristianismo, como por exemplo, algumas pinturas; logo reagiu contra o materialismo renascentista e a Reforma protestante. Refletindo o espírito da época: atormentado, tenso e pessimista. Ademais, no terreno narrativo, os novelistas preocupavam-se em revelar a sociedade de forma mais realista e sempre crítica com uma linguagem, sóbria em princípio, tornando-se depois muito rebuscada.

Na Espanha o modelo teatral barroco surgiu, em 1625, com Calderon de  la Barca, que foi nomeado dramaturgo oficial da corte, onde desenvolveu uma vasta obra e diversos gêneros teatrais, entre os quais  as zarzuelas. Além disso, o modelo também teve apoio na França, com Luís XIV instituindo um regime de apoio financeiro aos artistas( destacando-se na dramaturgia Corneille, Racine e Molière, que são uma referência universal ), tendo prestigiado as artes, entre as quais o teatro.

As salas de espetáculo inserem-se no estilo designado por teatro à italiana, e possuíam uma maquinaria  que permitia realizar espetáculos complexos e de grande exigência técnica. As salas eram construídas em forma de ferradura e orientavam-se perpendicularmente ao palco. O público assistia sentado na plateia e também em camarotes e frisas que circundavam a cena. E geralmente nas cúpulas das salas podiam apreciar-se pinturas de artistas reconhecidos.

Já o Brasil tem as suas primeiras manifestações teatrais importantes na transição do maneirismo para o barroco, e foram realizadas em âmbito religioso, como parte da obra missionária de catequização do gentio, destacando-se principalmente a figura do Padre José de Anchieta escritor de criativas peças teatrais, encenadas pelos índios a fim de que compreendessem o catolicismo, que tinham como característica o sincretismo, com personagens retirados de vários períodos históricos e misturados a figuras lendárias.

No século XVII a forma do teatro sacro se desenvolve, e se enriquecem os cenários e acessórios cênicos, e o público-alvo já não é primariamente o índio, mas toda a população. No entanto ainda não havia teatros, então o local para as apresentações era ao ar livre, que contava com a viva participação popular. Com o tempo o teatro profano erudito começou a aparecer com a construção no século XVIII de diversas casas de espetáculo pelo litoral e em alguns centros interioranos como Ouro Preto e Mariana, que serviam principalmente à representação de peças musicadas, as óperas, melodramas e comédias, e surgiu também o desejo de profissionalização do teatro brasileiro, até então de base amadora e popular, e os tablados itinerantes deram lugar ao auditório fixo. Com seu repertório basicamente importado da Europa.

Portanto a herança cênica do barroco perdura até os dias de hoje em expressões populares sincréticas de longa e rica tradição que sobrevivem em diversos pontos do país, como as ladainhas, os congados, os ternos de Reis, e mesmo é visível no moderno carnaval carioca, uma festa associada ao calendário religioso e uma das expressões populares contemporâneas que atualizam a cenografia luxuriante do auge do teatro e das festas barrocas.

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         Casa de Ópera de Ouro Preto, de 1770, mais antigo teatro das Américas ainda em uso.

      
       Auto Representado na Festa de São Lourenço


 Uma das peças mais famosas do Padre José de Anchieta é o Auto Representado na Festa de São Lourenço, que conta uma história em torno do martírio do santo e ocorrem diversas coisas no desenrolar do texto, com seus personagens tirados de diferentes épocas, mas por fim acontece o enterro do santo, que lutou contra vários demônios para defender a aldeia em que era padroeiro. Essa peça é composta com variações linguísticas, “Línguas Tupi, Portuguesa, Castelhana” e isso teria aparentemente dois propósitos: o primeiro seria atender aos espectadores, pois nas festas religiosas nos aldeamentos, além da presença dos moradores locais, padres, índios cristãos, catecúmenos ou prisioneiros, que falavam a língua geral, contava-se ainda com a presença de religiosos recém-chegados, homens do governo, viajantes e militares, que eram portugueses ou espanhóis e não conheciam o tupi. No período que essa representação foi realizada havia a união das Coroas da Península Ibérica e o governo do Brasil estava a cargo de Felipe II da Espanha. O outro propósito, que era típico do teatro de moralidades e muito usado por Gil Vicente, seria usar variações linguísticas para caracterizar as personagens que desse modo criticavam um universo cultural ou outro. Aimbirê, personagem central da peça, fala a língua geral com seus companheiros índios ou com o Karaibebé, personagem do Bem, mas em outro momento da peça, quando dialoga com os Imperadores Décio e Valeriano, imperadores romanos,  fala em castelhano e, até, pelo menos uma frase em guarani. O texto em língua brasílica constituiria a parte principal do Auto e percebe-se, nele, a marca da pedagogia de Anchieta, visando, com a utilização de aspectos da cultura indígena, ao ensino da fé e da moral cristã. Além disso, essa peça é carregada de significados, e apresenta uma pluralidade linguística que permitiu Anchieta escolher a língua a ser falada por que tipo personagem, e também um sincretismo cultural, que é um recurso de manipulação utilizado. Então como a peça é muito extensa deixarei só o primeiro ato, que fala sobre o martírio de São Lourenço, que é o começo de todo o enredo, mas abaixo colocarei o link para os que quiserem ler todo texto.

PRIMEIRO ATO (Cena do martírio de São Lourenço) Cantam:

Por Jesus, meu salvador,
Que morre por meus pecados,
Nestas brasas morro assado 
Com fogo do meu amor 

Bom Jesus, quando te vejo
Na cruz, por mim flagelado,
Eu por ti vivo e queimado 
Mil vezes morrer desejo

Pois teu sangue redentor 
Lavou minha culpa humana,
Arda eu pois nesta chama 
Com fogo do teu amor.

O fogo do forte amor, 
Ah, meu Deus!, com que me amas
Mais me consome que as chamas
E brasas, com seu calor.

Pois teu amor, pelo meu 
Tais prodígios consumou, 
Que eu, nas brasas onde estou,
Morro de amor pelo teu. 

http://www.numeroreal.com.br/down_livros/Jose%20de%20Anchieta%20%20-%20Auto%20Representado%20na%20Festa%20de%20Sao%20Lourenco.pdf


Fontes:
http://max-barroco.blogspot.com.br/2009/11/teatro.html
http://www.planonacionaldeleitura.gov.pt/teatro/backstage.php?s=21&id=18
http://barrocobrasileiro002.blogspot.com.br/2011/04/teatro.html
http://www.hispanista.com.br/artigos%20autores%20e%20pdfs/523.pdf
https://literarizando.wordpress.com/2009/04/15/anchieta-e-o-auto-de-sao-lourenco-literatura-a-servico-da-religiao/


Giacomo Torelli: Cenário para Andromède, de Corneille, 1650. Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque

Karel Dujardins: Uma companhia de Commédia dell'Arte em um palco ao ar livre, 1657. Museu do Louvre
O Curral de Comédias em Almagro, um típico teatro espanhol do século XVII, em uso ininterrupto desde então
Pietro Domenico Oliviero: O Teatro Régio de Turim, c. 1750, mostrando uma apresentação operística. Palazzo Madama